Nosso primeiro destino na Grécia foi Creta, a maior das ilhas gregas. Chegamos ao aeroporto de Heraklion (Creta tem dois aeroportos: Heraklion e Chania) à noite e completamente perdidos, pois o lugar era uma bagunça, sem sinalização, sem posto de informação, sem nada. Essa, inclusive, é uma característica de Creta: a falta de informação para o turista. Mas foi aí que nos deparamos com o jeito acolhedor dos cretenses, que nos ajudaram muito durante toda a nossa estadia na ilha. Para chegar à cidade, tivemos que pegar um ônibus fora do aeroporto, lá na beira da estrada mesmo. A passagem de ônibus custa 1,5 euros (o bilhete azul, que foi o que eu usei pra ir pra todo canto) e se deixar pra comprar dentro do ônibus custa 2 euros. O sistema de transporte público da ilha é apenas ônibus, o serviço é relativamente eficiente e os motoristas quando não falam, entendem inglês e ajudam muito os turistas perdidos.
A ilha de Creta é dividida em quatro cidades: Heraklion, Chania, Lasithi e Rethymno. Nós nos hospedamos em Heraklion, em um hotel na praia de Ammoudara. Por vacilo, esquecemos de pegar as orientações de como chegar ao hotel, e tivemos que pedir ajuda ao motorista. Ele não sabia onde era, foi perguntar a um colega. Aparentemente o colega também não sabia. Começamos a ficar preocupados, pois já era tarde da noite e nós não tínhamos nem o nome da rua. Ele mandou a gente entrar no ônibus, pegou o celular e fez umas ligações, e algum tempo depois o ônibus nos deixou bem no pé da rua do hotel. Como a rua estava muito escura e não tinha nada além de mato, ficamos com medo de entrar, e resolvemos passar em uma vendinha pra comprar água e merenda, e aproveitar para perguntar sobre o hotel. O cara da vendinha foi super gente boa, levou a gente na rua e indicou o caminho. Ele até ensinou a gente a dizer “obrigado” em grego, mas acho que a gente não aprendeu direito, pois toda vez que a gente agradecia alguma coisa em grego as pessoas olhavam pra gente com uma cara confusa.
Depois de pegarmos a direção errada e sermos expulsos por cachorros de uma área residencial, finalmente chegamos ao hotel, que ficava bem no pé da praia e tinha uma taberna no térreo onde às vezes tinha música grega à noite e era bom de ficar ouvindo da varanda :).
Ficamos no Aptera beach hotel, que é um hotel bem legal e simples com preço muito bom (pagamos 20 euros a diária, cada um). A comida do restaurante é muito boa e os donos são um casal de gregos muito simpáticos que odeiam Londres. “As pessoas são muito frias, às vezes eu fazia uma pergunta e ninguém me respondia”.
Achei os gregos muito parecidos com os brasileiros. São amigáveis, simples e abertos. Se você precisar de ajuda, eles te ajudam.
No primeiro dia acordei bem cedo e fui pra praia. Ammoudara é uma praia bonita e extensa (parecida com as praias de Salvador), que fica muito cheia no meio, principalmente depois do meio dia, e vazia nas pontas. Nós ficàvamos bem na ponta, então era tranquilo durante todo o dia. Creta é uma ilha bem familiar, o que mais tinha na praia eram famílias. Muitos pais construindo castelo de areia com seus filhos (muitos pais construindo sem seus filhos também, eles se empolgavam mais que as crianças, haha), muitos casais e idosos, a praia era bem calma.
Depois de almoçarmos, pegamos o ônibus e fomos para Heraklion pra passear e conhecer a parte histórica. Começamos pelo Forte Veneziano (Koules), que fica no porto antigo e foi construído na época que a República de Veneza dominava a ilha. De frente para o forte, ficam a muralha veneziana, que tem mais de 4,5km de largura e contorna a parte antiga da cidade. A muralha foi o que ajudou a ilha a se proteger dos turcos durante 22 anos de batalhas (até que um cretense traíra que participou da construção ensinou a eles os pontos fracos da muralha e aí acabou tudo).
De tardinha fomos conhecer o sítio arqueológico do palácio de Knossos. Chegamos lá faltando pouco mais de uma hora para fechar, o que foi muito bom, pois conseguímos um tour guiado por 5 euros (os dois!) e também o tempo já não estava tão quente. O tour foi bem legal, apesar do sotaque forte da grega que era difícil de entender.
Knossos foi um castelo da Idade do Bronze, centro da civilização minóica, onde morava o rei Minos, que inspirou a lenda do minotauro. Segundo a lenda, o rei Minos mandou construir um labirinto em Knossos para esconder Asterion, o filho de sua esposa com o touro branco, que tinha corpo humano e cabeça e rabo de touro, o minotauro.
Segundo a guia, essa lenda vem do fato de que a arquitetura do palácio é bastante complexa, principalmente para aquela época, já que incluía até aquedutos e sistema de esgoto (dá pra ver os canos de cerâmica no subsolo), e por isso parecia um labirinto. O castelo foi destruído por terremotos e por um grande incêndio. Knossos é considerada a cidade mais antiga da Europa.
Depois que escureceu, fomos passear no centro de Heraklion, que fica bastante movimentada à noite e depois voltamos para Ammoudara.
No dia seguinte, ficamos na dúvida entre pegar o ônibus intermunicipal para Chania ou Rethymnon e acabamos por escolher a última opção, por ser mais próximo e mais barato. Grande decepção. Rethymnon é pequena, meio sem graça e as praias são bem caídas, não vale a pena ir. Como a viagem é demorada (umas 2 horas) e já tínhamos perdido muito tempo rodando, procurando alguma praia boa pra ficar, decidimos voltar pra Heraklion e ficar por lá mesmo, inclusive no dia seguinte. Me arrependi de não ter ido pra Chania, ao invés de Rethymnon. Chania, apesar de ser mais distante, tem praias mais bonitas e também é maior, com mais opções de lugares para visitar.
Em creta, começamos a aprender os costumes e as características da Grécia, iniciando pelas comidas. Começamos pela Moussaka, que é uma comida doida com batatas, carne moída, berinjela e um creme por cima. Mas a comida mais famosa é a tal da Pita Gyros, que são lascas de porco ou frango, tomate, batata frita e um molho de alho, tudo embolado dentro de um pão árabe. A cada 5 passos na Grécia, se encontra algum buraco que vende Pita. Em Creta, a pizza é só de queijo. Se quiser um bacon, ou alguma outra coisa tem que pedir pela pizza especial. No final das refeições, os restaurantes tem a tradição de dar uma cachacinha cretense por conta da casa e às vezes frutas também.
Nas ruas é normal se encontrar umas miniaturas de igrejas, às vezes com alguma foto dentro, flores e velas. Essas casinhas são homenagens a pessoas que morreram em acidentes nas rodovias (assim como no Brasil a gente coloca uma cruz no local).
As ilhas gregas são cheias de cães vira-latas, e todos convivem muito bem com eles. Em vários lugares têm caixas de madeira e tigelas onde as pessoas colocam rações para os animais.
Para conseguir identificar ônibus e placas, tivemos que aprender a ler grego, já que alguns caracteres são diferentes. Não é difícil, mas algumas letras confundem bastante. Por exemplo, a letra que parece o “H” tem som de “I”, o “P” tem som de “R”, o “Y” tem som de “U”, o “V” tem som de “N”, o “K” tem som de “C”… Fora os outros caracteres que a gente não está acostumado a ver fora das equações matemáticas. Por exemplo, Atenas se escreve “Αθήνα”. E Grécia, que em grego é Hellas, se escreve “Ελλάδ”. Quanto ao “obrigado”, se escreve “ευχαριστώ”, e se fala “afharistô” (mas só quem é grego mesmo é que consegue falar certo).
Depois de quatro dias maravilhosos em Creta, pegamos o ferry para a lindíssima Santorini *.*.
Beijos!
Lenita