Conhecendo o Encontro das Águas e o Boto Cor-de-Rosa

Durante o tempo que fiquei em Manaus, fui pesquisando as opções de tours oferecidos pelas agências de turismo da cidade. Como a maioria dos tours que incluíam hospedagem saíam por um preço muito caro para minhas condições, optei por direcionar minha pesquisa para os tours do tipo bate e volta. Fui em algumas agências, e percebi que o roteiro dos passeios era basicamente o mesmo: ida de barco até o ponto onde dá pra ver o encontro das águas, depois passeio pelo meio dos igapós, seguindo até as vitórias-régias, pausa para o almoço em um restaurante flutuante, depois pausa em uma comunidade ribeirinha que vende artesanatos, partindo então para o nado com os botos e depois retorno para Manaus.

Os roteiros eram mais ou menos a mesma coisa, entretanto os preços variavam absurdamente. Na internet, o preço do pacote de um dia que encontrei custava 300 reais. Decidi não comprar antes, para poder negociar e decidir na hora (aquela coisa do feeling, que já falei). Nas agências que pesquisei já em Manaus, os preços variavam entre 220 e 180 reais. Bem melhor, não é mesmo? Mas aí vem o conselho de ouro: pesquise nas agências, mas compre o passeio no porto mesmo, na mão dos agentes, com eles dá pra conseguir descontos bem interessantes. Comprei na mão do moço o mesmo passeio que vende nas agências, por 120 reais. O porto fica bem no fundo do mercado municipal Adolfo Lisboa, e basta atravessar as portas do mercado que já dá pra ver o monte de agentes que ficam por ali, sentadinhos em barracas improvisadas, com banners dos passeios e catálogos com fotos.

O passeio partiu às 9h, em um barco bem confortável, de tamanho médio, com capacidade para umas vinte e poucas pessoas, com água, banheiro e um guia no microfone narrando tudo e contando as histórias da Amazônia pra gente. Sentei ao lado de uma senhora paulista, muito parecida com a Marieta Severo, que foi me mostrando as fotos de um passeio que ela fez à lindíssima Presidente Figueiredo, uma cidade cheia de cachoeiras, próxima a Manaus, que também tem passeios organizados por agências de turismo.

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Encontro do Rio Negro com o Solimões, AM.

A primeira parada foi no encontro das águas, onde é bem visível a separação entre as águas dos rios Negro (de cor bem escura) e Solimões (de cor amarronzada). Por conta de suas diferenças de temperatura e densidade, as àguas dos rios simplesmente não se mesclam, mas permancem lado a lado, seguindo por um trecho de quase 12 km daquele modo. É muito bonito enxergar o fenômeno e tem muita gente que fica emocionada.

Do encontro das águas, seguimos para um local cheio de vitórias-régias. As plantas parecem muito fininhas, de modo que não daria pra sustentar nem um sapo, como a gente costuma ver nos desenhos animados. No mesmo lugar também tem vários macaquinhos, fofinhos, mas, dizem, não muito amigáveis. De qualquer modo, eles são muito lindinhos de observar e tirar fotos.

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Vitórias-Régias

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Macaquinho.

Fomos almoçar em um restaurante flutuante, no rio mesmo, onde tivemos um banquete de comidas regionais, com muitos peixes de água doce fritos, ensopados, empanados, etc. O almoço estava incluso no pacote e podia comer o quanto quisesse. Saindo de lá, visitamos uma pequena comunidade ribeirinha, onde vende-se artesanatos dos mais interessantes e criativos, e também é possível “interagir” com alguns animais. Quanto à essa parte, acho importante ressaltar que é uma experiência meio bizarra. O que acontece ali é uma exploração dos bichos, sem respeito algum, e os turistas não se sensibilizam nem um pouco, só querem tirar fotos com a jibóia, segurada pelo pescoço e pelo rabo, claramente assustada, e também querem pescar os jacarés, que ficam presos em um pequeno lago, morrendo de fome, esperando por quem quer que pague 10 reais por sei lá quantas iscas.

É compreensível que as pessoas que ali moram, de aparência extremamente humilde e, possivelmente, ignorantes quanto à dimensão do que estão causando aos bichos, enxerguem aquilo como um meio de sobrevivência. Do mesmo modo como vendem pulseiras de sementes e bombons de cupuaçú, vendem fotos com os bichos, vendem a oportunidade de colocar uma cobra no pescoço, de tirar uma foto pescando um jacaré pra mostrar para os amigos depois. Passada a “sessão terror”, voltamos para o barco e fomos conhecer uma aldeia indígena.

Bem, digamos que não era exatamente uma aldeia indígena, mas sim um espaço que eles usam para fazer um tipo de preservação da cultura deles. Não é tão simples aparecer lá na Amazônia, acordar com vontade de nadar pelada com os índios e partir para a aldeia indígena mais próxima. Para entrar em terra indígena, é necessário ter autorização da FUNAI e, obviamente, uma boa justificativa, como algum tipo de pesquisa ou coisa assim.

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Visita à tribo Cipiá-Dessana.

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Indiazinha da tribo.

Ainda assim, foi bem interessante ver a apresentação deles, com danças e manifestações tradicionais. É incrível ver a sincronia deles, já que as danças não são nada fáceis. No meio da apresentação, há um momento no qual eles puxam a gente para dançar (não existe a opção de ficar sentadinha, pois “estou tirando fotos”, simplesmente tem que ir). Fomos à tribo Cipiá-Dessana, onde vimos alguns dos rituais da tribo, tivemos um tempo para dar uma circulada pelo local e depois partimos para a visita aos botos.

A última parte do tour também foi a mais gostosa de todas. Vestimos uns coletes salva-vidas e entramos no rio negro para “nadar” com os botos. Um rapaz simpático nos instruiu a não tocar na cabeça do boto, e depois começou a pegar uns peixinhos para atrair o animal. O boto vinha, passando pelo meio da gente, por debaixo das nossas pernas para ir em direção ao rapaz com o peixe. Ficamos assim por uns minutos. Não vou mentir que fiquei com medo de esticar a mão para alisar o bicho, mas não teve jeito, toda hora ele passava por debaixo das pernas. Mesmo quando os peixes acabaram, ainda ficamos por um tempinho boiando no rio, e vez ou outra os botos apareciam, para depois sumir novamente.

Apesar de ter deixado Marieta Severo encarregada de registrar meus momentos com o boto, já que, obviamente, eu não poderia tirar foto com meu celularzinho ordinário de dentro da água, acabei perdendo todas as fotos da viagem ao norte, restando apenas aquelas que enviei para minha mãe e que ficaram salvas nas mídias do whatsapp. Infelizmente, não mandei as do boto, logo, as perdi para sempre. Chora.

Essa foi a parte final do passeio de um dia. Achei o tour bem legal, o roteiro cobre uns lugares bem interessantes e o tempo para conhecer cada um deles é suficiente para aproveitar tudo sem pressa. Recomendo levar umas merendinhas, roupa de banho e uma toalha. Ah, e é bom dar uma pesquisada antes em quais são os dias que o passeio inclui a parte dos botos, pois recentemente o IBAMA proibiu que ele fosse alimentado todos os dias, para evitar deixar o animal viciado.

Recomendo totalmente o passeio e também aconselho dar uma olhada em outros tipos de tours, como o de Presidente Figueiredo e os jungle tours, pra quem tem mais tempo para gastar. No mais, aproveitem!!

Lenita