A noite em que dormi no deserto.

Das minhas aventuras no Marrocos, a mais inusitada de todas foi a ida ao deserto. Uma vez que estava tão perto, tinha que aproveitar a oportunidade de passar uma noite acampada no meio do nada e, principalmente, andar de camelo s2, então eu fui.

<3

Acordei junto com o som das orações islâmicas do carinha que trabalhava no hostel, às 5 da manhã e não consegui mais dormir. Estava ansiosa para ir ao deserto e partiríamos bem cedo, pois o caminho é longo e precisávamos chegar antes de escurecer para que pudéssemos localizar as tendas. 

Saímos de Marrakesh às 8 da manhã e fomos de van até Zagora. O início da viagem não foi muito legal. O céu estava fechado e até choveu, além do que passamos muito tempo na van e o caminho era todo em ziguezague, a maioria do pessoal ficou enjoado e muitas vezes tivemos que parar por conta disso.  

Mas, passadas as primeiras horas, foi ficando bom. O sol apareceu, revelando um céu alzulzão que fazia contraste com as montanhas alaranjadas, e já estávamos mais acordados e animados, ao som das músicas marroquinas que tocavam na rádio. Passamos por alguns lugares bem bonitos e paramos para tirar fotos. O motorista não falava inglês e só sabia gritar “photo!”, na hora das paradas. Depois ele berrava “alaiala, alaiala!!!” que, imagino eu, significa “vamos embora, adiantem!”.

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Fotos pelo caminho.

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Oásis

E assim fomos, ziguezagueando, parando e tirando fotos, até que chegamos ao deserto de Zagora, minutos antes do pôr-do-sol. Quando chegamos lá, a recompensa pelas longas horas de espera dentro de um carro: camelos lindinhos e enfileirados, esperando por nós. Nem tive muito tempo pra pensar, um homem já veio tomando as sacolas da minha mão, jogando em cima do camelo e gritando pra eu subir no bicho, que estava “sentado” na areia. Quando estava ainda me ajeitando em cima do camelo, pensando se corria perigo de cair ou não, ele subiu com tudo e fomos embora para dentro do deserto.

E foi assim que vi o por-do-sol naquele dia, do alto de um camelo. Fomos andando, andando, e quando já estava tudo escuro percebi algo lá longe: luzes! Era eletricidade mesmo, no meio do deserto! Mas durou pouco tempo, foi só o suficiente para deixarmos as coisas dentro da barraca e identificarmos o caminho para a tenda grande, onde jantamos, e o banheiro (que não era um grande buraco cavado na areia, como eu imaginava – ufa!), e logo depois eles cortaram a energia – que vinha de um pequeno painel solar- e a escuridão tomou conta. 

Nos sentamos em um tapete na areia para tomar chá antes da janta e depois fomos para a cabana grande, onde tivemos uma sopa e depois um tagine de frango, o melhor prato que comi no Marrocos. E então os marroquinos pegaram seus tambores e começaram a cantar, um pouco tímidos a princípio e depois bem animados e descontraídos, e teve até um que grudava na mão das meninas e levava lá pra frente pra dançar com ele.

Os cantores.

Os cantores.

Depois da festa, algumas pessoas do grupo foram embora para suas cabanas para dormir, enquanto que outros se juntaram ao redor da fogueira que acabavam de acender. Um argentino começou a cantar musicas desconhecidas e que não eram muito legais, mas, como aparentemente ninguém mais sabia tocar violão/cantar, ficamos por ali mesmo. Até que um dos marroquinos olhou lá pra longe e gritou: A MOONA! Que, em alguma língua nesse mundo ou ao menos na cabeça dele significa LUA.

E foi a lua mais linda que já vi na vida. Enorme, dourada e surgindo aos poucos atrás das montanhas. O céu ali, no meio da escuridão completa, bem longe de todas as luzes da cidade, parecia que era de mentira. Depois disso, deitamos nos tapetes e ficamos tentando identificar as constelações e à espera de alguma estrela cadente, com o pedido já muito bem pensado  somente aguardando o momento certo. E vimos uma, depois outra, depois mais outra, e depois várias estrelas cadentes. Chegou a hora que eu nem sabia mais o que pedir, fiquei só olhando mesmo.

De madrugada fez muito frio. Novembro no deserto é frio, eu já sabia disso e fui mais ou menos preparada, mas ainda assim acordei algumas vezes por conta do desconforto. Quando finalmente amanheceu, acordamos bem cedo e fomos ver o sol nascer atrás das montanhas. Depois voltamos à tenda grande e tomamos café, logo antes de montarmos nos camelinhos novamente e andarmos até a beira da pista, onde a van nos aguardava para nos levar de volta a Marrakesh.

As barracas (e os camelinhos lá atrás).

As barracas (e os camelinhos lá atrás).

:)

Pronta para voltar pra Marrakesh.

Saudades.

Lindão, saudades.

Obs: Depois conto com detalhes sobre como arranjei o tour e outras coisas relacionadas ao passeio no deserto.

Beijos!

Lenita

2 comentários sobre “A noite em que dormi no deserto.

  1. Marcelo disse:

    Oi Lenita,
    Gostaria de saber se as barracas são individuais…e o banheiro tem chuveiro e vaso sanitário? E papel higiênico tem?
    Pelo caminho tem banheiro? Se der vontade de ir ao banheiro como faz?
    Você foi pro deserto de Zagora não é? Quanto custou seu passeio?as roupas de cama estavam fedorentas?

    • Lenita Navarro disse:

      Oi Marcelo!

      Fiz o tour para o deserto de Zagora sim, eu e mais uns 10 amigos. O acampamento tinha uma estrutura simples, mas suficiente. Cada tenda abrigava umas 4 pessoas, com quatro “camas”. No caminho, fazemos algumas paradas e dá pra ir ao banheiro. No acampamento também tem banheiro, com privada, chuveiro e tudo. Realmente não lembro quanto paguei, porque faz um tempinho ja, mas arrisco uns 70 euros. Lembro que pechinchamos bastante, pois o grupo era grandinho. Quanto à roupa de cama, nem cheirei nada hahaha. Mas relaxe quanto a isso, porque na hora é tudo tão divertido que nem da pra reparar na higiene nem nada. Apenas curta seu passeio =)

      Espero ter ajudado!

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